sábado, 10 de dezembro de 2011

INADEQUAÇÕES

 





perdi as contas do terço
enquanto O deslizava por entre meus dedos.
evaporou-se, de minha memória, a oração
enquanto (EN)colhia as incontáveis contas do rosário que, tranquilo, ao redor de minhas mãos orbitava.
credo e ave-maria
pão nosso de cada dia
cela, ceia cronometradaS e alegoriaS.
retive, na fenda serenada, a sombra da silhueta
de uma águia taciturna e enrijecida.
perdi as contas do tempo
enquanto minha vida escorria pelos dias 
apressados de encontros marcados.
salve rainha e glória ao pai
pão nosso envelhecido
em cada noite que antecede mais um dia.
não sei se rezar é algum acaso
não sei se o sol é lua disfarçada
não sei se as estrelas são relvas esbranquiçadas
nesse uni-verso de vastas malhas
não sei se sou vazia ou vazada
se sou completa ou adulterada
só sei de minhas teLas aZULADAS.
não sei se sou poeta ou condenada
se sou efêmera ou eternizada
só sei de minhas vestes desgastadas
pelos arranhões desta vida em branco e preto.
não sei se sou cruz ou espada
se sou  nuvem ou carne mal-passada
só sei que, queiram ou não,
ainda sou alada.
não sei se sou solteira ou casada
se sou mera amante ou senhora de MINHAS asas
só sei que escorre a areia pela ampulheta
enquanto adormeço mais uma noite sem o teu dia.

M.

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