quinta-feira, 10 de maio de 2012

ELA (STIMA)




          E   L   A    


    




A meia noite, sob o luar de um sol noturno,
Ela me fez juras e promessas de mudanças e rupturas
que eu, ingênua, cri.
Dias de sol e chuva anoiteceram,
nada do que ela havia se comprometido
Foi cumprido.
- Não se deve prometer aquilo que se é incapaz de cumprir!
Depois, ao meio dia sob o sol a pino de uma noite lunar,
Ela, em prantos, pediu, mais uma vez, perdão.
Derramava, de sua boca, justificativas inválidas
para sua transigência rotineira,
para sua constante letargia e submissão.
Palavras aveludadas, omissões.
Mais uma vez,
Ela repetiu suas promessas e juras.
Noites de calor e frio  amanheceram.
Nada do que ela havia novamente prometido
foi cumprido.
- Não se deve enganar-se tanto assim!
Suas palavras vazias, passaram a não mais ecoar dentro de minha taça,
que se esvaziou no calor do árido deserto
e se quebrou dentro de meu coração.
Vãs palavras, débeis atos, confusões internas, 
apatias sem intenções,
pobre alma a dela, seviciada noite após dia,
em seus sonhos esguios e suas companhias hostis,
idolatrias servis.
Erodiu, em mim, a poesia,
Aniquilou-se, a poeta
Amordaçou-se, a amante.
Dias de sol e lua se sucederam,
Ela, ensandecida, 
sem alcançar qualquer saída,
congelou-se no tempo,
Isolou-se do real.
Jurou que se libertara, 
mudanças e maturações.
Afirmou que suas palavras
seriam apenas exatas manifestações em suas atitudes,
que não mais haveria abismos entre o seu discurso e atos.
Passou a viver em ambiente artificial e inodoro,
em um forjado exílio, ostracismo.
Sem contato com sua parte animal,
seus suseranos e sua vassalagem compulsiva.
"Vivendo" in vitro, emparedada em torre de marfim.
Nada se sustenta!
Mudança não houve, nem há.
Apenas um interregno forçado.
Ela é pássaro domesticado,
escravizado a rotina e visão de sua pequena jaula enferrujada,
cantando sempre a mesma melodia ensinada
pelos seus 'amos', seus algozes,
ofídios traiçoeiros e ferozes,
Que lhe devoram, um pouco,
a cada dia.

M.  




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