sábado, 14 de julho de 2012

PRISIONEIRO 3D




As forças cotidianas nos atropelam,
A pressa, o trânsito, os compromissos, os prazos,
as demandas de clientes que não enxergam além de seus próprios interesses
e um judiciário, em sua maioria, marcado pelo parcialismo e decisões injustas.
O dia corre insensato, entre um dever e dezenas de outros
vamos consumindo nossos minutos, nossas horas.
Mal raiou o dia, já se fez noite.
E a pressa continua,
E o calor é insuportável
E a mente não para um só segundo.
Há de ser feito isto, aquilo
E tanto mais.
O respirar é automático.
O corpo, uma ferramenta já gasta,
sufocado pelas obrigações diárias que não findam,
multiplicam-se.
Corre o corpo, célere para lá e acolá,
Cumpre um louco cronograma diuturno
Que não cessa.
Eis a mais perfeita de todas as armadilhas,
Nos manter em constante cumprir deveres
Sem que nos sobre tempo para SER.
A alma angustiada
respira entre um intervalo invisível e uma pausa sutil.
Ela quer voar,
Riscar o céu tecendo poesias entre um traço preciso e outro,
Ela apenas quer descansar,
Livrar-se dessa roda viva que é morte.
Quer incursionar para dentro de si mesma,
Se bastar
Sem ter que prestar contas, cumprir complexos prazos, se superar,
Sem precisar exercer com brilhantismo uma competência jurídica
que eco algum faz em olhos míopes movidos e ávidos por vil metal,
Sem ter que atender todas as demandas, multiplicar-se em muitas, 
sendo só uma, para dar conta.
Ela quer apenas serenar
sem necessitar nada e ninguém.
ficar ausente de tudo e de todos
durante um demorado momentum.
Silente em um lugar imponderável,
Regado apenas de paz,  
onde formas não existam,
onde o nada se encontre com o nada,
afogando-se naquilo que nunca lhe foi
mas há, graças a Humanidade
que nunca aprendeu a AMAR.
M. 

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