As forças cotidianas nos
atropelam,
A pressa, o trânsito, os
compromissos, os prazos,
as demandas de clientes
que não enxergam além de seus próprios interesses
e um judiciário, em sua
maioria, marcado pelo parcialismo e decisões injustas.
O dia corre insensato,
entre um dever e dezenas de outros
vamos consumindo nossos
minutos, nossas horas.
Mal raiou o dia, já se fez
noite.
E a pressa continua,
E o calor é insuportável
E a mente não para um só
segundo.
Há de ser feito isto,
aquilo
E tanto mais.
O respirar é automático.
O corpo, uma ferramenta já
gasta,
sufocado pelas obrigações
diárias que não findam,
multiplicam-se.
Corre o corpo, célere para
lá e acolá,
Cumpre um louco cronograma
diuturno
Que não cessa.
Eis a mais perfeita de
todas as armadilhas,
Nos manter em constante
cumprir deveres
Sem que nos sobre tempo
para SER.
A alma angustiada
respira entre um intervalo
invisível e uma pausa sutil.
Ela quer voar,
Riscar o céu tecendo
poesias entre um traço preciso e outro,
Ela apenas quer descansar,
Livrar-se dessa roda viva
que é morte.
Quer incursionar para
dentro de si mesma,
Se bastar
Sem ter que prestar
contas, cumprir complexos prazos, se superar,
Sem precisar exercer com
brilhantismo uma competência jurídica
que eco algum faz em olhos
míopes movidos e ávidos por vil metal,
Sem ter que atender todas
as demandas, multiplicar-se em muitas,
sendo só uma, para
dar conta.
Ela quer apenas serenar
sem necessitar nada e
ninguém.
ficar ausente de tudo e de
todos
durante um demorado
momentum.
Silente em um lugar
imponderável,
Regado apenas de paz,
onde formas não existam,
onde o nada se encontre
com o nada,
afogando-se naquilo que nunca lhe foi
mas há, graças a Humanidade
que nunca aprendeu a AMAR.
afogando-se naquilo que nunca lhe foi
mas há, graças a Humanidade
que nunca aprendeu a AMAR.
M.
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