Encanta-me
o vagar das nuvens. Como são mutáveis, voláteis, ecléticas, improváveis,
dialéticas, vulneráveis, intocáveis, tranqüilas e inquietas. Como se deixam colorir pelas fluências
solares em tons plúrimos tatuando as mais diversas aquarelas diante dos olhos
daqueles que ainda se permitem olhar para o alto e se deixarem envolver pela
magia que nos cerca diariamente.
Suspensas
no ar, são capazes de assumir as mais diversas formas, meneios, enlevos, desenhos tecidos, aleatoriamente,
através do azul do céu. São intensas e sábias pois se deixam levar pelo vento, fluidamente,
sem qualquer controle, apenas se deixando expandir e rarefazer-se pelas
correntes de ar. E condensam-se, e evaporam-se, unem-se, afastam-se, diluem-se,
dissolvem-se, avolumam-se... e... vezes... partem por um bom tempo, deixando,
na orfandade, o céu todo blue.
Estas
damas do ar, estas sras nuvens, revelando sua mestria através de várias manifestações. Declaram-se suaves
cirros, em grafismos sutis desenhados como que a nanquim sobre a tela azul do
céu. Conseguem se vestir de branco oceano em seus sintomas de cúmulos, feito
imensos continentes cosidos com linha etérica e impalpável de alguma espécie de
algodão. Vagarosas viajam pelo vasto céu. Mas... ah... elas também sabem desvelar
seu lado ameaçador e cruel. Vestidas de um cinza enegrecido, na emanação de
nimbos espessos, limbos que deságuam tempestades e lavam e levam e enlutam e
destroem e isolam os raios do sol de nossas retinas. Poderosas, produzem
relâmpagos, essas maravilhosas veias de Deus
transcritas pelo enegrecido céu. Porém... esta sagrada chuva por elas
produzida, sabe regar e fazer florescer e nos aliviar saciando nossas sedes.
Penso: como são semelhantes ao amor, essas
damas do ar. Formadas pelo calor
irradiado do Sol ao atingir a superfície de nossa Gaia, como amor que nasce da lux emanada entre seres, uma
energia de atração e afinidade que faz agitar o coração, iluminar os olhos,
acelerar a pulsação e ativar uma série de transformações em nossos corpos. Também
o amor é capaz de assumir as mais diversas formas e manifestações, seja a mais
intensa suavidade dos cirros, seja a mais pungente entrega e enlace e
abundância dos cúmulos, seja o mais destrutivo nimbo.
Sim...
como as nuvens, o amor é mutável, improvável, irrequieto. Contudo, o maior de
todos os desatinos é que os seres que dizem amar, não se deixam levar pelas
correntes dos ventos das esferas como se permitem as nuvens. Ao contrário,
buscam se controlar, prender, manter perto de si, cercear, vigiar, sufocar, apropriar-se daquilo
que não é seu e nunca será.
Como
galantes cirros risquemos nossas alegorias
Em
suaves toques no corpo da alma amada
Ingressando
no cerne, no timbre, no acorde exato,
Na
harmonia.
Permitamo-nos
apenas deixar fluir,
Sem
controles e apropriações,
Que
nada mais são que esbulhos
Do
outro que diz amar
E
nos afasta de nós mesmos
Em
delírios de anular e sugar.
E,
se chegarem os cúmulos,
abracemo-nos
a eles
Sem
temores, sem receios
Sintamo-nos
amplos, expandidos
Amantes
em profusão
Mergulhando
oceanos e alçando vôos
Abraçados
Envoltos
em branca bruma perfumada de puro ar.
Acaso
cheguem os nimbos,
E
eles quase sempre aportam,
Há
que entender
Que
é exatamente em meio as mais violentas tempestades
Que
somos capazes de nos enxergar e evolver
Ao
compreendermos
Que
a única solução que há
Não
é buscar um abrigo, esconder-se de si e do outro
Esperando
a tempestade amainar
Por
certo, a enchente, irá lhe levar
Mas
sim, acreditar em si, crescer os ombros
Alçar
vôos em direção ao alto
E
encarar a tempestade até acima dela se elevar
E
constatar, que o sol sempre houve e há
E
que a tempestade era apenas uma ilusão
Eclipsando
a lux sol-lar
M.
Clickei pra seguir a Águia Azul,:))
ResponderExcluirNossa Casa
http://leninhaluz.blogspot.com/
Carinhos ser,irmã de Sol.
nossa casa spre... amada H.
ResponderExcluirabrigo... energia... lux...
visite onde eu vôo...
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amor...