quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

NUVENS EM AMOR



Encanta-me o vagar das nuvens. Como são mutáveis, voláteis, ecléticas, improváveis, dialéticas, vulneráveis, intocáveis, tranqüilas e inquietas.  Como se deixam colorir pelas fluências solares em tons plúrimos tatuando as mais diversas aquarelas diante dos olhos daqueles que ainda se permitem olhar para o alto e se deixarem envolver pela magia que nos cerca diariamente.
Suspensas no ar, são capazes de assumir as mais diversas formas, meneios,  enlevos, desenhos tecidos, aleatoriamente, através do azul do céu. São intensas e sábias pois se deixam levar pelo vento, fluidamente, sem qualquer controle, apenas se deixando expandir e rarefazer-se pelas correntes de ar. E condensam-se, e evaporam-se, unem-se, afastam-se, diluem-se, dissolvem-se, avolumam-se... e... vezes... partem por um bom tempo, deixando, na orfandade, o céu todo blue.  
Estas damas do ar, estas sras nuvens, revelando sua mestria através de  várias manifestações. Declaram-se suaves cirros, em grafismos sutis desenhados como que a nanquim sobre a tela azul do céu. Conseguem se vestir de branco oceano em seus sintomas de cúmulos, feito imensos continentes cosidos com linha etérica e impalpável de alguma espécie de algodão. Vagarosas viajam pelo vasto céu. Mas... ah... elas também sabem desvelar seu lado ameaçador e cruel. Vestidas de um cinza enegrecido, na emanação de nimbos espessos, limbos que deságuam tempestades e lavam e levam e enlutam e destroem e isolam os raios do sol de nossas retinas. Poderosas, produzem relâmpagos, essas maravilhosas veias de Deus  transcritas pelo enegrecido céu. Porém... esta sagrada chuva por elas produzida, sabe regar e fazer florescer e nos aliviar saciando nossas sedes.
Penso: como são semelhantes ao amor, essas damas do ar. Formadas pelo calor irradiado do Sol ao atingir a superfície de nossa Gaia, como amor  que nasce da lux emanada entre seres, uma energia de atração e afinidade que faz agitar o coração, iluminar os olhos, acelerar a pulsação e ativar uma série de transformações em nossos corpos. Também o amor é capaz de assumir as mais diversas formas e manifestações, seja a mais intensa suavidade dos cirros, seja a mais pungente entrega e enlace e abundância dos cúmulos, seja o mais destrutivo nimbo.
Sim... como as nuvens, o amor é mutável, improvável, irrequieto. Contudo, o maior de todos os desatinos é que os seres que dizem amar, não se deixam levar pelas correntes dos ventos das esferas como se permitem as nuvens. Ao contrário, buscam se controlar, prender, manter perto de si,  cercear, vigiar, sufocar, apropriar-se daquilo que não é seu e nunca será.

(...) 
Como galantes cirros risquemos nossas alegorias
Em suaves toques no corpo da alma amada
Ingressando no cerne, no timbre, no acorde exato,
Na harmonia.
Permitamo-nos apenas deixar fluir,
Sem controles e apropriações,
Que nada mais são que esbulhos
Do outro que diz amar
E nos afasta de nós mesmos
Em delírios de anular e sugar.
E, se chegarem os cúmulos,
abracemo-nos a eles
Sem temores, sem receios
Sintamo-nos amplos, expandidos
Amantes em profusão
Mergulhando oceanos e alçando vôos
Abraçados
Envoltos em branca bruma perfumada de puro ar.
Acaso cheguem os nimbos,
E eles quase sempre aportam,
Há que entender
Que é exatamente em meio as mais violentas tempestades
Que somos capazes de nos enxergar e evolver
Ao compreendermos
Que a única solução que há
Não é buscar um abrigo, esconder-se de si e do outro
Esperando a tempestade amainar
Por certo, a enchente, irá lhe levar
Mas sim, acreditar em si, crescer os ombros
Alçar vôos em direção ao alto
E encarar a tempestade até acima dela se elevar
E constatar, que o sol sempre houve e há
E que a tempestade era apenas uma ilusão
Eclipsando a lux sol-lar

M.  
                       

2 comentários:

  1. Clickei pra seguir a Águia Azul,:))

    Nossa Casa
    http://leninhaluz.blogspot.com/
    Carinhos ser,irmã de Sol.

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  2. nossa casa spre... amada H.
    abrigo... energia... lux...
    visite onde eu vôo...
    http://enlacadordemundos.zip.net/

    amor...

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