domingo, 13 de maio de 2012

PROVA DE AMOR INCONDICIONAL




Dor, desespero, esmorecimento, angustia, depressão, sensação de estar perdido e sem chão, dentre outras, são algumas das pesadas sensações que vivenciamos, em nosso âmago, quando ‘perdemos’ alguém a quem muito amamos. Digo ‘perder’ no sentido de desencarne da pessoa amada. Seja referido processo ocorrido de maneira abrupta, seja após um período, longo ou não, de ‘padecimento’ (chamo depuração) do ser amado em uma cama ou maca de um hospital.
Fico a refletir como todo esse turbilhão de sentimentos que acometem àqueles que aqui ficam, influenciam, invadem e  ecoam, atuando de maneira profunda sobre e naquele ser que acabou de ‘partir’ ou está em processo de ir.
Devem ser vibrações, para o ente amado, deverás desequilibrantes, quando, em verdade, o que mais necessitam é de suporte, apoio, tranqüilidade e paz para, enfim, fazerem sua ‘passagem’, libertando-se do ‘costume/hábito’ a que estiveram adaptados/acostumados durante anos.
Tais sentimentos que vibram os que aqui ficam nodoados de dor e sofrimento, de alguma forma, ‘aprisionam’ as almas dos que partem ou estão de partida, ao ‘casulo’ (corpo) e ao limite estreito das mundividências cotidianas e densas de ‘Gaia’.
É nosso dever compreender que para quem ‘parte’ é bem mais difícil que para quem fica. Seja o período de pré-ida (quando a ‘morte’ não se dá abruptamente), seja a própria ‘ida’ e o começo da ‘estada’. É um período de transição, como se fora uma mudança de estado (p.ex.: do liquido para o gasoso), e, é fato notório, que para mudanças de ‘estados’ ocorrerem são necessários choques e pressões intensas, agindo na química/substância para transforma-la.
Imaginem-se ingressando ‘sozinhos’ em uma viagem para o desconhecido, um novo mundo, uma nova realidade. Nestes momentos, o dever crístico de quem fica  é se esforçar, ao máximo, para se manter em elevada vibração.
Teoricismo??? – Não!
É atitude realmente possível de ser praticada para aquele que, consciente ou não, já alcançou uma certa compreensão, discernindo que, se não houve em vida o efetivo e perene amor incondicional durante todos os anos de convivência, mister, pelo menos, que tal amor solidamente seja manifestado no momento em que aqueles a quem amamos mais urgem. E saibam, é no desencarne e em seus processos anteriores/posteriores que devemos elevar nossa freqüência, vibrando pax. Deste modo, estaremos ajudando efetivamente os seres de lux, para a assunção da amada alma em direção a ‘espaços’ mais elevadas.
Dês que são estes os momentos para manifestarmos ‘amor incondicional’ que há em cada um de nós, e o fazemos mantendo a serenidade e o nosso centro, mostrando, para aquele que está partindo, que não é mais preciso carregar o ‘fardo’ de preocupações para com a nossa pessoa. Agindo assim, demonstramos que não iremos nos permitir sucumbir, esmorecer, desesperar; que não iremos nos entregar à tristeza imobilizante e ao caos da saudade/ausência.
Devemos mostrar-lhes que há pax dentro de nós, que esta pax brota da FIDELIDADE inabalável por DEUS PAI/MÃE e, por óbvio, do AMOR INCONDICIONAL que sentimos por aqueles entes amados e queridos que estão a fazer sua definitiva viagem nestes nossos tempos (Rito de Passagem).
Eis, com certeza, o único e necessário alimento que temos a oferecer a eles, proporcionando-lhes, em meio ao turbilhão de sensações e sentimentos que estão a experimentar, que, pelo menos com relação a nossa pessoa, não há que se preocuparem, pois estamos firmes e fortes, crentes e de olhos e corações abertos porque sabemos/sentimos que não houve partida, mas apenas mudança de estado. Assim, nós os envolveremos da paz com nossas pequenas gotas de orvalho de infinito amor incondicional. Nossas orações e atos ser-lhes-ão bálsamos, para que, enfim, permitam-se ‘desligarem-se’ das preocupações (ônus) terrenas, dedicando-se ao seu ‘novo’ estágio’ de existência.
Se nos desesperarmos, se nos entregarmos a dor e tristezas dilacerantes, certamente, o ente amado desencarnado, sentirá tais emanações, verberando em seu corpo energético, retardando os procedimentos e processos necessários para sua abertura de consciência, para sua elevação de padrão energético em seu novomodus vivendi.
Tente se colocar no lugar de quem está para ‘partir’, de quem ‘partiu’. Imagine-se observando, impotentemente, quem tanto ama, totalmente perdido em um abismo de dor e desespero. O que sentiria você, a não ser, também, os mesmos sentimentos, tristeza abissal por ter que ter partido sem poder reverter tal processo? Acaso você não se sentiria agrilhoado a tais circunstâncias, carregando grande e insuportável dor/fardo que o impediria de ‘caminhar’ em direção a lux e seguir seu caminho?
Precisamos pensar no que realmente desejaríamos receber de quem ficará quando nossa hora chegar e, verdadeiramente, nos esforçarmos para, caso ocorra, agirmos como desejaríamos que agissem se estivessem em nosso lugar.
Mais que meramente pensar, necessário decidirmos e nos determinar a por em prática este dever (que em verdade é uma HONRA) de, ante a ‘partida’ (seja o processo pré-partida, seja a partida e seja o período pós-partida) de quem imensamente AMAMOS, mostrar-lhe, com sinceridade no coração, que podem ir em paz no que depender de nossas orações e atitudes, pois somos LEAIS a DEUS PAI/MÃE, aceitando SUA ABSOLUTA SABEDORIA E VONTADE.
Mostremos-lhes que, mesmo tristes, não esmoreceremos, não nos desesperaremos.  Que enquanto permanecermos em ‘Gaia’, estaremos determinados a continuar nossa lida diária, colhendo e saboreando e usufruindo e replantando, todas as sementes que nosso amado ente nos entregou durante toda a sua existência neste plano, atentos e vigilantes em nossa semeadura e esmerar. Assim, eles terão ajuda eficaz para se livrarem dos pesados lastros e da âncora que os esteja, ainda, prendendo ao oceano do plano tridimensional.
Finalizo, com um pequeno texto, feito há mais de sete anos atrás, logo após a partida de meu amado pai, após 88 dias de imenso sofrimento.

IN MEMORIAM
 A. P. D. B. 
* 29/06/1926 VICENZA-ITA     + 18/09/2002 NITERÓI-BRA                                                                          
“Ser amado, hoje nos disseram que te foste...
Mas, como te foste se estás eternamente presente em nossos corações e lembranças?
Talvez pelo fato de a maioria das pessoas não enxergarem os elos invisíveis que nos unem e as acessíveis fronteiras que nos permitem estarmos eternamente próximos....
Talvez por esta razão as pessoas nos sussurraram que partistes e que estavas esquecido naquele esquife... sozinho e sem vida...
Qual nada... hoje há mais vida em ti do que nunca ousaste experenciar. Agora tu sabes,  és parte do TODO e compreendestes que todos somos UM em DEUS...
Afirmamos também que não há solidão em ti pois tens a companhia, cuidados,  amor e amparo de todos os seres de LUZ e de nós...
E se cerramos nossos olhos, não mais te enxergaremos agrilhoado àquela maca, riscado de chagas,  imobilidade e silêncio pois, a partir de hoje, pai e esposo amado,  TU ALCANÇASTE TUA PERFEIÇÃO... Nosso Grande e Amado Guerreiro, venceste a Batalha Maior, triunfaste e a ti devemos honras, admiração, gratidão e eterno amor pela tua VITÓRIA... Tu nos ensinastes a perseverança... a resignação... a paz-ciência...
A partir de hoje, reaprendeste a Sinfonia das Esferas e entoas os cânticos divinos.
A partir de hoje és a Paz, és a nossa Paz”
Eterno amor e gratidão de sua esposa N. e filhas Oz e M.
Niterói, 18/09/2002


   “Amar incondicionalmente é abrir mão, naturalmente e sem qualquer esforço, de nossa necessidade de querer e manter sempre ao nosso lado quem tanto amamos, compreendendo, que estejamos onde estivermos, sempre estaremos unidos em nossas alma.
M.    

Nenhum comentário:

Postar um comentário